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Arquitetura e Feminismo


Tinha outros textos iniciados para essa semana, mas a morte da advogada Tatiane Spitzner e as imagens da violência sofrida por ela não me saem da cabeça. Não sou especialista e estudiosa nos temas relacionados à questão de gênero de modo geral, violência doméstica, feminicídio e feminismo, mas o que eu sei é que quando uma mulher morre por violência doméstica nós também morremos um pouco. Existem detalhes na área da arquitetura e construção civil que sempre me incomodaram e a gente precisa trazer essas questões à luz e falar sobre isso ajuda nas pequenas mudanças que estão por vir e fortalece as mudanças que já estão acontecendo. Constatei outras coisas, mas tenho para hoje dois pontos que se conectam entre si e que precisam mudar: Primeiro ponto: Grandes projetos e obras são entregues majoritariamente à homens e a maioria das mulheres destina-se à área de arquitetura de interiores e pequenas obras. Em Salvador, TODOS os escritórios que conheci que atendiam ao mercado imobiliário projetando prédios e grandes edifícios são chefiados exclusivamente por homens (me contem se souberem de algum chefiado por mulher). Outra prova social disso é que dos 41 vencedores do Pritzker (conhecido como o Nobel da arquitetura) ao longo dos anos apenas 3 mulheres tenham sido laureadas, e somente a Zaha Hadid ganhou o prêmio sozinha; Segundo ponto: Projetos com o fraldário apenas no banheiro feminino. Esse detalhe presente em alguns empreendimentos cria uma barreira física real e passa a mensagem clara de que somente as mulheres são responsáveis pelos cuidados dos bebês e crianças quando sabemos que a luta é que haja a divisão adequada e equilibrada em todas as tarefas domésticas a partir da dinâmica da família. O que quero dizer é que o primeiro ponto que citei surge a partir da falta de encorajamento social das mulheres à assumir cargos de liderança e isso passa por inúmeras questões semelhantes a meu segundo ponto. Onde até aspectos físicos vão segregando socialmente as mulheres de forma injusta e desleal. Felizmente melhorias vão surgindo. Vibro em ver que os novos estabelecimentos estão criando banheiros masculinos com fraldário (exemplo da Leroy Merlim Fortaleza) ou ambientes e banheiros “familiares” destinados aos cuidados das crianças de modo que um adulto possa usar o espaço fora dos sanitários feminino ou masculino e desempenhar o seu papel social independentemente do seu gênero. A longo prazo esse tipo de mudança tem um impacto importante na criação de uma sociedade mais igualitária. A curto prazo precisamos de ações mais energéticas, de pessoas que não se calem e de que todos fiquem atentos para um pedido de socorro. Afinal, só um ser humano é capaz de salvar outro ser humano, sem projeto, sem arquitetura, sem campanha. Para seguir: @pennabarbara @todosportatiane

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